O Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado nesta quarta-feira (10), reforça a importância de garantir dignidade, igualdade e proteção a todos. No Vale do Aço, porém, a data também evidencia problemas persistentes que afetam diretamente pessoas em situação de vulnerabilidade, revelando um cenário preocupante de violações de direitos fundamentais.
Dados levantados pela rede de assistência social de Coronel Fabriciano mostram que, entre 2024 e 2025, foram registrados 441 casos de negligência, 381 de violência psicológica, 334 de violência física, 186 de violência sexual e 58 de violência patrimonial. As ocorrências atingem principalmente idosos no caso da negligência e violência patrimonial; mulheres adultas na violência física e psicológica; e crianças e adolescentes nas situações de abuso sexual.
A Defensoria Pública de Minas Gerais, que atua na região, afirma que esses números representam apenas parte da realidade. Segundo a defensora pública da unidade de Ipatinga, existe ainda um estigma que impede muitas pessoas de reconhecerem populações vulneráveis — como pessoas em situação de rua — como titulares de direitos. Para ela, ainda é comum que a sociedade associe a defesa dos direitos humanos apenas a temas distantes ou a proteção de criminosos, quando na verdade se trata de assegurar o mínimo existencial a todo ser humano.
Entre os desafios citados pela Defensoria estão a superlotação do sistema prisional, a violência doméstica, os riscos de violência institucional e as deficiências em políticas públicas fundamentais, como saúde, moradia e assistência social. A instituição desenvolve projetos como o “Defensoria nas Escolas”, mutirões de reconhecimento de paternidade, auxílio a pessoas trans na adequação de nome e gênero, além de atendimentos itinerantes em comunidades afastadas. No entanto, a continuidade dessas ações depende de investimento, estrutura e vontade política.
A defensora ressalta que os direitos humanos, desde a Declaração Universal de 1948, representam um pacto social: garantir condições mínimas de dignidade para todos, independentemente de quem sejam. No entanto, afirma que esse pacto esbarra em preconceitos, exclusão social e falta de compreensão sobre a importância da proteção integral.
A data, portanto, funciona como alerta. No Vale do Aço, assim como em grande parte do Brasil, garantir direitos humanos exige políticas públicas eficientes, instituições estruturadas e uma mudança de mentalidade coletiva. Mais do que comemorar, o dia reforça a necessidade de ação contínua para que a dignidade humana seja, de fato, uma realidade para todos.


